D. Alegria da Ribeira, Mariana Carmona
Permanecia imóvel. Seria imaginação minha? Uma senhora idosa que parecia tentar sorrir para mim. Em todos os movimentos que fazia lembrava-me da minha bisavó. O sorriso subtil que lançava era como o despertar das flores na Primavera. Tinha o cabelo branco como a neve.. A testa, um refúgio de ideias . O seu rosto, tão inocente… Dominado pelas rugas que a vida lhe impusera. Estas, cada uma contava uma história, um sofrimento ou derrota, uma alegria ou uma simples vitória…
Tinha os olhos verdes, grandes…através deles percorria-se o Universo. Notava-se o brilho no seu olhar delicado e profundo. Levantava as sobrancelhas como se quisesse que eu fosse ter com ela. O nariz tentava impor-se perante o resto, como uma menina empoleirada na janela. Não muito pequeno, cercado pelas bochechas que lhe davam feição. Tudo em si me fazia querer aproximar. Porém, as roupas pretas, o olhar profundo que me pôs a pensar, afastou-me. Olhei de novo, parecia querer fazer-se ouvir, manifestar. Toda ela muito quieta, não reagia. Que fazer? Eu avancei. Logo me alcançou a mão, na qual senti um frio arrepiante. Permaneci firme, recordando antigos momentos de harmonia.
Amável, bondosa e generosa…era assim que os meus olhos a viam.
Nicole Antunes
8ºE
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