quarta-feira, 21 de março de 2012

D. Alegria da Ribeira

                                                 D. Alegria da Ribeira, Mariana Carmona

         Permanecia imóvel. Seria imaginação minha?  Uma senhora idosa que parecia tentar sorrir para mim.  Em todos os movimentos que fazia lembrava-me da minha bisavó. O sorriso subtil que lançava era como o despertar das flores na Primavera. Tinha o cabelo branco como a neve.. A testa, um refúgio de ideias . O seu rosto, tão inocente… Dominado pelas rugas que a vida lhe impusera. Estas, cada uma contava uma história, um sofrimento ou derrota, uma alegria ou uma simples vitória…
Tinha os olhos verdes, grandes…através deles percorria-se o Universo. Notava-se o brilho no seu olhar delicado e profundo. Levantava as sobrancelhas como se quisesse que eu fosse ter com ela. O nariz tentava impor-se perante o resto, como uma menina empoleirada na janela. Não muito pequeno, cercado pelas bochechas que lhe davam feição. Tudo em si me fazia querer aproximar. Porém, as roupas pretas, o olhar profundo que me pôs a pensar, afastou-me. Olhei de novo, parecia querer fazer-se ouvir, manifestar. Toda ela muito quieta, não reagia. Que fazer? Eu avancei. Logo me alcançou a mão, na qual senti um frio arrepiante. Permaneci firme, recordando antigos momentos de harmonia.
Amável, bondosa e generosa…era assim que os meus olhos a viam.

Nicole Antunes
8ºE 

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