sexta-feira, 2 de março de 2012

A velocidade

Às vezes ponho-me a pensar e a observar a vida das pessoas. De todas as pessoas. Na vida das crianças, dos jovens como eu e dos adultos. E vejo que toda a gente anda a uma velocidade estonteante.
Os pais correm para deixar os filhos nas escolas e continuam a correr, depois, para os seus empregos, onde a corrida continua para poderem fazer todos os trabalhos que têm de fazer nesse dia. Continuam a correr ao sair do trabalho para irem ao supermercado, fazer almoços e jantares, levar os filhos às atividades, buscar os filhos das atividades, arrumar tudo a correr, tomar as refeições a correr, ajudar nos trabalhos de casa... Às vezes conseguem arranjar um bocadinho de tempo para perguntarem aos filhos se está tudo bem com eles, se a escola vai bem…
Os filhos são deixados nas escolas depois de se levantarem a correr e tomarem o pequeno-almoço a correr. Entram na escola a correr, mas às vezes, em algumas aulas, o tempo parece passar não tao depressa! Mas continuam a correr de umas aulas para outras, de atividade para atividade, correm para a fila do bar, para o ginásio, para o almoço e, ao fim de cada dia, correm para as atividades extracurriculares. E, finalmente, correm para casa, onde estudam a correr e fazem os trabalhos de casa a correr, porque ainda têm de ter tempo para ver televisão ou ir ao computador… mas depressa, pois o dia seguinte é dia de aulas e … ainda temos de ter algum tempinho para dormir (nem que seja a correr!) e descansar – coisa imprescindível nesta idade, dizem os pais.
É tanta a informação e tanta a oferta de coisas para fazer, são tantas as possibilidades de ocupação que não sabemos bem para onde nos havemos de virar e nem tempo temos para pensar muito sobre isso, porque às vezes a oportunidade já passou.
Descobri que quando penso em alguma coisa alguém já o pensou antes de mim. Descobri também que não há muitas coisas que nos possam surpreender, tal é a quantidade de informação e de imagens e de novidades com que somos bombardeados a toda a hora (guerras, gente ilustre que parece sempre feliz, gente infeliz que parece ter tudo para ser feliz, fomes, doenças, epidemias, desavenças entre vizinhos, assaltos na rua do lado, cataclismos, tragédias, catástrofes, casamentos felizes, descobertas científicas, a cura para a doença x, a crise, a energia, a camada de ozono, …), é tudo tão rápido, o mundo corre tanto a cada momento que nem temos tempo para assimilar o que acontece e podermos compreender o que realmente de importante se passa à nossa volta.
Quem parece ter tempo são apenas os velhotes, pois a esses já falta a capacidade física de se poderem deslocar a grandes velocidades e por isso ficam ali, parados no tempo como quem tem todo o tempo do mundo, à espera de qualquer coisa que parece já não existir nesta sociedade loucamente veloz em que vivemos.
Como seremos nós no futuro, quando formos adultos, nós que crescemos numa sociedade onde a capacidade de viver a alta velocidade é uma condição para ter sucesso? Nós que não estamos habituados a pensar, a refletir, a saber esperar. Nós, que reagimos apenas ao que nos é pedido, e de uma forma quase mecânica, automática.
A que nos conduzirá esta velocidade no futuro?

Vasco Mendes
9ºB

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